Já imaginou uma processo educacional onde você é o foco? onde não há repressão,coerção, punição ou castigo,não há provas ou avaliações? já imaginou estudar em um local onde o que realmente importa é o que você QUER aprender, onde o professor o aceita como você é, te compreende e ainda confia em você? Pois bem, é exatamente esse processo educacional baseado na autonomia, autodescoberta e autodeterminação que propõe a Concepção Humanista da Educação.
E Concepção Humanista de Educação você encontra aqui!
Ótimo filme Francês cuja temática central é a educação e os problemas de uma sala de aula. O longa metragem é um drama leve, e até mesmo engraçado em algumas cenas, que conta a história vivida pelo prof.º François e seus colegas educadores no cotidiano de uma escola da periferia de Paris.
Pois é senhores, mais uma escola visionária de concepções humanistas que deu e está dando certo, dessa vez em Portugal. Idealizada na década de 70 pelo educador português José Francisco Pacheco, a Escola da Ponte é, assim como a Summerhill School, uma referência em abordagem educacional alternativa que funciona. A Escola da Ponte está situada ao norte de Portugal, a cerca de 30km da cidade do Porto em uma vila chamada Vila das Aves, conta atualmente com uma equipe de 38 orientadores educativos que trabalham diretamente com todos os alunos da escola, ou seja, não há turmas, também não existem testes, os alunos não são divididos por faixa etária, os pais dos alunos estão integrados a direção da escola através da associação de pais, e os alunos discutem todo ano através de assembléias democráticas os direitos e deveres que devem ser fundamentais naquele ano.
A escola baseia-se na autonomia e auto-formação do aluno valorizando a reflexão e a capacidade de análise crítica, ou seja, concepção humanista em ação. Vale salientar que o intelectual brasileiro Rubens Alves, autor de vários livros infantis, é um entusiasta dos métodos adotados na Escola da Ponte. Para entender os detalhes de como funciona a Escola da Ponte, seu histórico e como foi idealizada, confira a entrevista com o educador José Pacheco, hoje diretor da escola, dada ao portal Aprende Brasil.
Confira também o site da Escola da Ponte(português de Portugal).
"...não passa de um grave equívoco a ideia de que se poderá construir uma sociedade de indivíduos personalizados, participantes e democráticos enquanto a escolaridade for concebida como um mero adestramento cognitivo". (José F. Pacheco)
Assim como o já citado Carl Rogers, o educador e escritor escocês Alexander S. Neill também acreditava em uma relação educacional mais pacífica, livre de repressão, coerção e medo. Neill defendia a liberdade das crianças na educação escolar, acreditava que um processo educacional centrado no aluno acabaria por gerar a valorização da busca pela autonomia. Analisando a escola ele afirmava:
"...uma escola que faz com que alunos ativos fiquem sentados em carteiras, estudando assuntos em sua maior parte inúteis, é uma escola má."
"Não sabemos quanta capacidade de criação é morta na sala de aula."
"Só os pedantes declaram que o aprendizado livresco é educação ... os livros são o material menos importante da escola."
"Toda outorga de prêmios e notas e exames desvia o desenvolvimento adequado da personalidade."(Neill)
Pois bem, é coerente a esse contexto, que Neill funda a Summerhill School em 1921 na Inglaterra. Atendendo a crianças do ensino fundamental e médio, dos 5 aos 16 anos, a ecola tem dois princípios básicos: a possibilidade de os alunos escolherem se querem ou não assistir as aulas; e a dinâmica de assembléias para decidir as normas da escola. As crianças dormem na escola durante o período letivo, e a rotina diária se baseia em lições pela manhã e tardes livres para tividades diversas que desejarem desenvolver, lembrando que não há provas ou exames. Já imaginou a revolução que foi para aquela época? podemos dizer que ainda hoje pode ser considerado muito inovador, principalmente se considerarmos o Brasil...
Carl R. Rogers, psicólogo norte-americano, é um dos importantes nomes, se não o mais importante, da abordagem educacional humanista. Rogers, enquanto psicólogo, desenvolveu um método psicoterapêutico centrado na figura do paciente, esse método se caracteriza pelo estabelecimento de uma relação de confiança com o paciente que o levaria sozinho a própria cura. Todavia, apesar de ter se originado em sessões psicoterapêuticas, seu método pôde ser utilizado em outros campos da ciência que envolvesse situações de relação interpessoal, a exemplo da educação e da pedagogia. Assim, a abordagem educacional humanista, centrada no aluno e no desenvolvimento de sua personalidade, é amplamente influenciada por Rogers, nota-se, por exemplo, que dentro dessa abordagem o aluno é o principal elaborador do seu próprio conhecimento e o professor cria condições para que o aluno aprenda, trabalhando apenas como um "facilitador da aprendizagem", ou seja, "o homem é o arquiteto de si mesmo"(C.Rogers) também dentro do contexto educacional.
Confira a entrevista de Carl Rogers, infelizmente a imagem não é das melhores, mas o importante é que tem conteúdo:
Confira este interessante artigo publicado em 2008 pela revista científica Alexandria Revista de Educação em Ciência e Tecnologia, e escrito pelo Prof.º Dr.º Wildson L. P. dos Santos, doutor em educação pela UFMG. O artigo é um pouco extenso, mas gostoso de ler. Dê uma olhadela no resumo antes de começar sua leitura:
O movimento de ensino de ciências com enfoque CTS surgiu com uma forte tendência de crítica ao modelo econômico desenvolvimentista, todavia o seu discurso foi incorporado em outros contextos, que levou ao aparecimento de muitas propostas de ensino que acabam por reforçar uma visão reducionista de CTS. A partir da concepção humanística de educação de Paulo Freire são discutidos princípios a ser incorporados ao ensino de CTS, visando resgatar o caráter político dessa abordagem educacional. Considerando concepções de diferentes modelos curriculares de CTS são apresentadas congruências e divergências desse ensino com a perspectiva freireana e discutidos modelos curriculares com essa perspectiva. Propõem-se assim a inclusão de aspectos sociocientíficos ao currículo que seja abordado no sentido de desvelar o contexto de exploração da sociedade científica e tecnológica que amplie a visão reducionista de muitas propostas de CTS para a construção de uma educação humanística com uma perspectiva freireana.
Àqueles que se interessam por uma educação alternativa a essa que aí está, vai esta postagem. Ebook do livro de Maria da Graça N. Mizukami , " Ensino: as abordagens do processo", o qual traz uma série de reflexões acerca das abordagens educacionais tradicional, comportamentalista, humanista, cognitivista e sócio-cultural. A autora discute cada uma das abordagens sob diversos ângulos como o ensino-aprendizagem, sociedade-cultura, professor-aluno, escola, educação, dentre outros aspectos igualmente relevantes. Interessante salientar para o leitor que o capítulo que trata da concepção humanística é o terceiro, não deixe de ler...